“Não se faz mais malandro como antigamente”. O atestado feito por Marcelo D2 intensifica a falta que ele sente de Bezerra da Silva. “A saudade tem apertado tanto meu peito que resolvi reunir velhos amigos nossos pra relembrar um pouco de sua obra”. A frase é dita sob um samba de partido, numa espécie de telegrama falado para o seu antigo parceiro. O registro chama-se “Caro Amigo Bezerra”, uma faixa de pouco mais de 1 minuto que encerra o disco “Marcelo D2 Canta Bezerra da Silva”, a homenagem do cantor e de seus velhos amigos ao sambista pernambucano.
Cinco anos depois da morte de Bezerra, D2 entrega sua voz ao repertório do partideiro. Mais do que um tributo, a gravação surge com uma espécie de missão: por meio de D2, apresentar aos mais jovens a obra do sambista. “A molecada mais nova conhece mais o nome dele do que as músicas. Acho que é o momento legal mostrar para eles na minha voz”, disse o cantor ao UOL Música, por telefone.No disco, D2 desligou as picapes, guardou as rimas do rap e as fusões ritmicas, e puxou a mais tradicional roda de samba. Não é um disco de versões. D2 é fiel aos arranjos, harmonias e, sobretudo, à batucada tão característica de Bezerra. “Ele era muito perfeccionista, me falava muito da importância da batucada”, contou ele, repetindo as palavras ditas naquela última faixa do disco.
Por afinidade, D2 –que tem tatuado no braço o rosto de Bezerra– trouxe de volta clássicos como “Se Não Fosse o Samba”, “A Semente”, “Minha Sogra Parece Sapatão” e o obrigatória “Malandragem Dá um Tempo”, entre as 14 faixas do álbum. “Se ‘Malandragem’ ficasse de fora, iam reclamar no Procon”, brincou. Em entrevista ao UOL Música, D2 falou sobre os bastidores do disco, sua relação com Bezerra, o embate entre samba e rap e garantiu: “não sou sambista nem rapper, sou boêmio”.
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